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terça-feira, 15 de setembro de 2009

Esporte Clube Tamandaré (II)


A História
Em janeiro de 1992, 0 jornal Freguesia das Águas fez uma homenagem aos cinquenta anos do Esporte Clube Tamandaré.
Dr. Telmo Lemos escreveu:
Corria o ano de 1942, mês de janeiro. Mostardas, ainda Vila, saindo dos cueiros de Freguesia, assistia a um fato novo no terreno esportivo de sua história. Começava a ter seu primeiro clube de futebol, realmente organizado. Nascia o Esporte Clube Tamandaré, honra e glória do esporte mostardense, ontem, hoje e com certeza, sempre, por força desta tradição de 50 anos e, mais que isto, pela bravura e amor com que seus simpatizantes estimulam e defendem. Hoje o Tamandaré não é mais um patrimônio dos seus associados, nem de seus simpatizantes, bem mais que isto, está inserido no coração, na alma e na consciência de todo o mostardense, que deve ver nele o começo de um pedaço novo da nossa história, a história desportiva de Mostardas. Muitos, que nem eram tantos, como eu, tiveram a felicidade de presenciar este começo. Numa homenagem ao grande e inequívoco Tamandaré, contra o qual disputei, como jogador do Brado do Sul, inesquecíveis e leais jornadas, faço este depoimento, sem precisar datas, mas apenas meses. É certo que os acontecimentos estão entre janeiro e fevereiro de 1942. Morava em São Simão, estudava em Porto Alegre, gozava à época, férias e, como o meu pai era proprietário na Boa Vista, acertei com ele um jeito de assistirmos à fundação da primeira entidade esportiva de Mostardas, que levaria o nome de Tamandaré, numa homenagem ao herói marinheiro riograndense, hoje Patrono da Marinha, cuja natalidade ainda é disputada entre riograndinos e nortenses. A tranco de cavalo, cedinho, nos pusemos a caminho. Viagem de três horas, por volta das dez, chegávamos a Vila de Mostardas. Havia o natural e costumeiro rebuliço que, no nosso interior de então, sempre acontecia nestas ocasiões. As horas foram passando e começou a se instalar nos espíritos a incerteza da vinda do Esporte Clube Liberal, de São José do Norte, que seria o padrinho da nascente entidade esportiva. Por incrível que pareça, nossa estrada para o Norte já era tão ruim e de trânsito tão incerto quanto hoje. Alguma coisa não mudou. A comunidade em expectante alvoroço, alguns carneiros já sacrificados para o almoço de recepção aos convidados, algumas garrafas de vinho na "cacimba do povo", no fundo da Quinta do Chico Pedro. As horas passando e de nortenses nada. Nesta condição aventou-se a ideia de formar-se uma equipe de estudantes, para que ao menos parte do acontecimento fosse salvo. Como estudante, comecei a torcer por esta hipótese. Não deu outra, como hoje se diz. Jogamos onde agora é o aeroporto, então campo de futebol. O resultado, sei que foi parelho, mas não sei precisar. De um fato, porém não esqueço, por ter sido protagonista central. Vou descrevê-lo:
Nosso time investe e, sobrando uma bola, chutei a golo. Goleira sem rede, o chute, passando a poucos centímetros, deu a impressão de que havíamos marcado. Neste momento, a banda de música estourou um dobrado comemorativo que, confesso hoje, 50 anos depois, arrepiou todos os pelos dos meus 16 anos. À época era a Banda do Maestro Gentil, hoje do João da Édia, do Luizinho, do Ceceu e de tantos outros abnegados, mas sempre querida, respeitada e certamente imortal. O juiz não deu o gol, nem poderia. Valeu, no entanto, meu arrepio e um dizer da lavra do meu grande e dileto amigo Vicente Cardoso, companheiro de equipe, que por muito tempo fez parte da nossa comunidade. Quando alguém perdia algo, fosse uma partida de futebol, uma carreira ou até mesmo a namorada, era costume dizer-se "e nem a banda tocou". Era um jeito de chibatear o amigo, de certa forma carinhosa mas também mordazmente. No meu caso, o gol não valeu, mas a "banda tocou".
Dias depois desta partida, provavelmente um ou dois fins de semana, veio a equipe do Liberal Futebol Clube, que então oficialmente apadrinhou nosso Tamandaré. As datas ficam por conta dos arquivos e, na falta destes, dos pesquisadores. De minha parte ofereço estes detalhes e uma fotografia de parte da equipe do Liberal, no caminhão que a trouxe, na frente da casa do "seu" João Caieira, que era a sede do Clube.
Enviado por Tuva Velho.
Foto: Vitorino Mesquita ( Telmo Lemos na Praça Central de Mostardas).


11 comentários:

Matheus Brum disse...

Parabéns ao blog pela pesquisa. É emocionante ler relatos como este. Quem hoje vê o Tamandaré disputando o campeonato ou, simplesmente, passa pela sede do clube não tem idéia de como começou esta história.

Anônimo disse...

Esse blog tá prestando um grande serviço. Resgata a história de Mostardas e fortalece a identidade do Município. Parabéns, Vitorino, Prof. Álvaro, Prof. Dino, Tuva e demais colaboradores.

Prof. Álvaro disse...

Agradeço ao comentário, este foi(é) o nosso objetivo na criação do blog e nos sentimos satisfeitos em poder ajudar de alguma forma nosso município.

Anônimo disse...

MORRO NO RIO DE JANEIRO MAS MASCI EM MOSTARDAS,E TODOS OS DIAS DOU UMA VISITADA NESTE BLOG, É ESTOU APRENDENDO MUITO SOBRE O MEU MUNICIPIO. COISAS MUITO INTERRESANTE MESMO... PARABÉNS!!!

André Soares disse...

Bah, que emoção "reler" este depoimento do Dr. Telmo. Tenho guardado a 7 chaves esta edição do Freguesia. Participei intensamente da comemoração dos 50 anos do Tamandaré. Uma semana de intensa programação, com alvoradas, churrasco, baile, jogo com os veteranos do gremio e do inter, encontro de ex-jogadores, enfim, como se diz, uma baita festa. E agora aqui, escrevendo este comentário, mais ainda me emociono, lembrando de homens que já nos deixaram como o Quendé, o Bruno Collares, Joaquim Tapera e seu irmão Amauri, o Luisinho da Nóca e de outros que ainda estão entre nós, Eloir Braga, Antonio Martins, meu pai Dilson Soares, enfim, tantos que trabalharam pelo Clube. Parabéns pela idéia de postar fatos sobre o Tamandaré. A entidade esta passando por um momento muito dificil da sua história, e é preciso incentivos como a conquista do campeonato deste ano e o apoio de todos para se reerguer. Parabéns.

Tuva disse...

Quando perguntei ao Milico se ele gostaria de ter histórias do Tamandaré não pensei que fosse atingir em cheio o coração de tantas pessoas. Estou muito feliz.

André Soares disse...

Tuvinha, a história do Tamandaré se confunde com a própria história de Mostardas. Olha, que serviço tu estás prestando ao Tamandaré. Como apaixonado que sou por este clube, te agradeço com todo o carinho que tenho por ti e me coloco a disposição para te ajudar no que for possível, pois cresci dentro do Tamandaré. Mais uma PARABÉNS.

Tuva disse...

A comunidade exige do governo municipal local para os jovens se reunirem para conversar, local para fazer esportes, local para se dedicarem as artes, musica etc.
Estes lugares existem e podem ser usados por todos nós.
Nós temos estes lugares prontos! Clube Cultural Mostardense e Esporte Clube Tamandaré.
Será um sonho?

PC disse...

Há tempo comungo desta idéia de juntar Clube Cultural Mostardense e Tamandaré, para juntos desenvolverem um projeto amplo que vai muito além do futebol, seriam duas sedes fantásticas que se completariam...

Anônimo disse...

Esse assunto daria uma boa postagem no blog. Quem se anima?

André Soares disse...

Bah, concordo com PC, inclusive se não me engano já conversamos sobre isso. Apoio a idéia e me disponho a trablhar por ela.