Democracia: Onde fica?

E a Democracia? Onde fica?
Meus queridos leitores, preciso fazer uma espécie de desabafo.
Participei do movimento do Magistério Público Estadual desde os anos de ditadura, quando ainda não se respeitava, no Brasil, os direitos mais elementares do ser humano. Mas, ao longo desta caminhada, construímos um avanço na forma de organização e mobilização na defesa de uma educação digna e para todos.
Entre algumas conquistas que tivemos , ainda nos anos 80, foi a indicação do Diretor da escola pela sua Comunidade Escolar.
Foi uma das conquistas mais significativas para a construção de uma sociedade mais justa, onde o indivíduo passa a ser o sujeito dessa construção.
A vivência democrática, é a condição mais adequada para o aperfeiçoamento humano. Pois o indivíduo é o sujeito que se auto-constrói, quando isso acontece em um ambiente de respeito ao seu espaço político.
As teorias que tratam do fenômeno da aprendizagem procuram explicar em que circunstâncias ocorrem a aprendizagem. Como o indivíduo estabelece o domínio sobre determinado conhecimento.
Há teorias que defendem o uso do reflexo condicionado (a aprendizagem pela repetição do ato). Neste modelo o indivíduo se torna muito eficiente no exercício de alguma atividade para o que foi treinado e onde passa a aplicar o que “aprendeu”. Isso ocorre de forma automática, pois é o reflexo condicionado que faz com que realize tais operações. Não é a pessoa como um todo agindo, pois suas ações não estão sendo realizadas pelo comando da razão. Comporta-se como um autômato.
Nessa prática de aprendizagem, a contestação que é o fruto da razão, não age, fica adormecida.
Só num contexto democrático, em que o exercício da liberdade é permitido, é possível ocorrer a aprendizagem através do pensamento crítico onde o conhecimento faz parte do todo. O indivíduo passa a elaborar a partir do domínio de determinado conhecimento, na condição de partícipe do processo.
Daí é que a defesa da democracia, o respeito às decisões da maioria deve ser feita com perseverança como a única forma legítima.
Para isso ser imperioso que se crie instrumentos que ofereça as condições plenas de participação de todos.
A escolha das pessoas que vão administrar uma instituição escolar, só é legítima se as pessoas envolvidas no processo possam tomar decisões, tornando-se sujeitos das ações e tendo a oportunidade de ser responsável pelo êxito das políticas educacionais, que venha a atender as prioridades do alunado desta ou daquela comunidade escolar.
Esta conquista que os professores e os pais obtiveram há + ou – 30 anos, foi o reconhecimento dos poderes constituídos, daquela época, que tiveram a sensibilidade e o discernimento para defender o direito de participação democrática na construção de uma sociedade em que cada um se sinta no pleno exercício da cidadania.
O Sindicato dos Servidores, e todas as instituições de caráter coletivo, têm a finalidade de permitir a participação dos membros que as compõem.
A não participação do indivíduo em sua instituição representativa, além de não contribuir na realização dos seus objetivos, permite que medidas autoritárias e tacanhas sejam tomadas por aqueles que se arvoram donos da verdade e com isso se acham no direito de decidir pelos outros.
Só me resta dizer que minha luta em prol da mobilização da minha categoria, vai continuar, cada vez com mais afinco. E agora, no sentido de tentar anular os efeitos maléficos que, certamente daí virão, convoco todos os professores que cerrem fileiras nesta luta na busca do caminho democrático para o exercício das políticas educacionais.
Até.