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domingo, 23 de agosto de 2009

Turismo e Quilombolas (II)


O modelo de desenvolvimento.
As comunidades quilombolas estão pressionadas por fazendeiros, grileiros, empreendedores do eco-turismo, e pelo rigor das leis ambientais, que limitam o uso de suas terras. Na formulação do modelo de desenvolvimento sustentado para os quilombos, é mister compreender que a redenção sócio-econômica dessas comunidades não passa necessariamente pela forma da agricultura convencional, altamente tecnificada, despersonalizada e de produção em massa.
É comum as terras quilombolas estarem mais distantes dos mercados consumidores e se localizarem dentro ou no entorno de áreas de preservação. O relevo, a hidrografia, o clima e a qualidade do solo, muitas vezes, limitam a mecanização e o uso de insumos químicos, exigindo mais trabalho manual, o que pode resultar em menor produtividade e em custos mais elevados, comparativamente às áreas da agricultura convencional. Além disso, a experiência quilombola é marcante na pequena agricultura, pecuária e indústria artesanal familiar, no extrativismo, caça, pesca e manufatura de bens, onde produzem praticamente tudo o que consomem e utilizam na subsistência do dia-a-dia. São auto-suficientes nas construções de suas moradias, na produção de farinha, óleos vegetais, derivados de milho e cana de açúcar.
A produção sustentada para os quilombolas deve seguir, preferencialmente, o modelo agro-silvo-pastoril, contemplando a produção de alimentos de origem vegetal e animal, de madeira e outros produtos florestais, necessários para o suprimento alimentar, moradia, instalação animal e artesanato. A produção para o comércio deve ser verticalizada através do artesanato e das pequenas indústrias, no intuito de agregar valor à produção primária, possibilitando competitividade mercadológica e o máximo de inclusão do trabalhador local no processo produtivo. Nas situações em que o modelo de agricultura convencional for desejado e tiver potencialidade econômica de competir e subsistir no mercado, é importante que se mantenha a perspectiva da diversidade do sistema produtivo, para diminuir possíveis vilnerabilidades da comunidade.
Num mundo globalizado, a cultura autóctone quilombola se constitui em atração de significativo valor econômico. É importante destacar o grande potencial dessas áreas para atividades turísticas de interesse étnico-cultural e ambiental. A beleza cênica da natureza se soma à riqueza cultural da vida quilombola, permeada pela variedade musical, culinária, artesanatos, festas religiosas e causos, que constituem matérias primas de valor inestimável para o turismo.
Jorge Amaro de Souza Borges
Biólogo

2 comentários:

Prof. Álvaro disse...

Olá, eu terminei a pós-graduação em educação ambiental na comunidade quilombola dos Teixeiras, sendo que essas comunidades podem ser inseridas em um desenvolvimento turistico do município, pela sua história e valores afros.

JORGE AMARO disse...

A educação ambiental mais do que nunca precisa criar mecanismos de diálogoc com as diversidades...