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sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Do livro de Saint-Hilaire (II)


ESTÂNCIA DE S. SIMÃO, 2 de agosto de 1820 - Continua a mesma planície, quase nenhuma árvore nos campos. A cinco léguas da estância dos Barros encontramos uma choupana. O terreno, em geral, é bastante arenoso, acentuando-se mais ainda, perto dessa casa. Os campos estão ainda mais ressequidos que nos dias precedentes. Durante oito meses não chove, e o gado tem sofrido bastante. Desde Boa Vista não deparamos com um só viajante; aqueles que viajam de Porto Alegre a Rio Grande preferem ir pela lagoa, o que faz com que este caminho seja pouco frequentado.
A uma légua daqui, deixamos à direita a Estância dos Povos, que mede doze léguas. Pertencia ao rei, mas este presenteou-a ao chefe de polícia, Paulo Fernandes. Por certo, o rei não conhecia o valor daquilo que doava, nem provavelmente Paulo Fernandes o do presente recebido.
Nesta Capitania, cultiva-se muito a mandioca; essa planta produz ao cabo de dois anos; perde as folhas no inverno, e na entrada dessa estação tem-se o cuidado de cortar-lhe os ramos. Não a cultivam na península existente entre a Lagoa dos Patos e o mar. Aqui o mamoeiro perde as folhas. No quintal de todas as estâncias por onde passamos, notei muitos pés de sabugueiros; no momento se cobrem de folhas novas. Fazem-se cercados com eles, devido à rapidez com que se desenvolvem.
Retirado de:
SAINT-HILAIRE, Auguste de. Viagem ao Rio Grande do Sul. 4ª ed. Porto Alegre: Martins Livreiro Editor, 2002.

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