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sábado, 8 de agosto de 2009

Cristóvão Pereira de Abreu (I)

Não se pode falar no povoamento inicial do Rio Grande do Sul sem referência à atuação do "civil" Coronel de Ordenanças Cristóvão Pereira de Abreu.
Aliás, na vida política, social e guerreira do Rio Grande do Sul, em todos os tempos, grandes soldados se fizeram meros civis - "paisanos" - que de simples tropeiros atingiram altos postos no comando de forças e das armas, em defesa quer das fronteiras do extremo sul, quer dos direitos dos povos, quer das liberdades e da justiça.
Cristóvão Pereira de Abreu era português, nasceu no ano de 1680 em Ponte do Lima, vila minhota, situada à margem esquerda do rio Lima, com uma ponte sobre esse rio construída pelos romanos.
Casou no Rio de Janeiro, a 10 de setembro de 1708, freguesia de Nossa Senhora da Candelária, com dona Clara Maria do Amorim, natural do Rio de Janeiro.
Completados os estudos, com pouco mais de vinte anos, embarcou para o Brasil, entrando, em seguida, pela sua condição de fidalgo de elevada cultura para a época, a serviço d'El Rei. Começou como contratador do quinto dos couros, no extremo sul, cargo rendoso mas também excessivamente trabalhoso e que somente poderia ser conseguido por gente de prol, ainda que em plena juventude, como Cristóvão Pereira que contava, ao receber o contrato, pouco mais de vinte anos. Começou aí, sua carreira das armas, entrando desde logo em contato com a colônia do Sacramento, por terra, e, ousada travessia de São Paulo até as margens do Prata. Foi o primeiro civilizado que, sem contar os jesuítas no oeste, atravessou o Rio Grande do Sul, sem ter tido maiores aborrecimentos com os indígenas, aliás, desde os primeiros momentos de sua entrada na "terra de ninguém", Cristóvão Pereira compreendeu que as entradas somente lhe seriam muito facilitadas se tivesse, em suas forças, alguns indígenas como dirigentes auxiliares. E, realmente, entrando em contato com os Minuanos, sempre acessíveis quando não atacados e inimigos dos guaranis reduzidos, denominados "Tapes" pelos jesuítas.
Cristóvão Pereira nomeou três caciques da tribo como "capitães" e, assim, por mais de cinquenta anos atravessou o Rio Grande do Sul sem um só conflito, levando suas tropas para Sorocaba e trabalhando por El Rei e pela terra que tão prodigamente o recebera e lhe dava rendas com que atender aos seus e ao próprio Rei, pois, sempre que necessário, montava à sua custa as tropas para as expedições solicitadas pelas autoridades reais. Foi assim que, deixando suas incursões pelo sul, foi ao Rio de Janeiro. em 1711, cooperar na expulsão dos franceses. Mas logo depois estava de regresso ao sul, em sua atividade, pois em 1722, encontramo-lo novamente na Colônia de Sacramento.
Historiadora Marisa Oliveira Guedes.

8 comentários:

João Pereira disse...

E o farol foi construído pelo próprio Cristóvão Pereira? Incrível como é rica história de Mostardas. Se confunde com a própria criação do Rio Grande.

Etelvina Velho (Tuva) professora de História disse...

A construção do Farol do Cristóvão Pereira se iniciou em 1858 e concluída em 1886, o seu funcionamento ocorreu no ano seguinte.

Tuva disse...

Cristóvão Pereira de Abreu morreu aos 75 anos em 22 de novembro de 1755, na Vila de Rio Grande que ajudara a construir. Deixou uma sesmaria onde é Rincão do Cristóvão Pereira.

Anônimo disse...

Tuva, mas ele morou na localidade?

Tuva disse...

Cristóvão era coronel das forças imperiais. Ele requereu e ganhou a sesmaria da àrea que ficou conhecida como Rincão do Cristóvão Pereira, que é basicamente a ponta onde se localiza o Farol. Ali estabeleceu uma estância de criação de gado.È um personagem da nossa história que foi homenageado com um monumento deste porte.

Anônimo disse...

Muito obrigado. Surpreendente essa história, quando mais um personagem naquela época ter percorrido um espaço territorial tão amplo.

Marisa Guedes disse...

Cristovao Pereira recebeu a sesmaria mas nunca pode morar nela, primeiro porque não era homem de fixar residencia, depois porque o presidente da provincia que era seu inimigo colocou 50 familias morando em suas terras para que não podesse usufruir delas.
Como Cristováo casou na Igreja da Candelaria no RJ, sua esposa e familia continuaram a morar aqui. Visitava-os quando tropeava gado para as feiras de sp. Encontrei pelo menos dois de seus filhos.

Ricardo disse...

Olá!
Estou fazendo uma pesquisa sobre os faróis da Lagoa dos Patos e posteriormente um documentário. Sobre a queda do farol de Bojuru, sabem me dizer a data? Existe referencias em meio virtual a apenas "meados dos anos 50", nada mais. Obrigado.