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quinta-feira, 1 de abril de 2010

A Rota Açoriana


Por Matheus Brum.

Malba Tahan escreveu certa vez que: “Ingrato é aquele que esquece a pátria e os amigos de infância quando tem a felicidade de encontrar, na vida, o oásis da prosperidade e da fortuna.” Da fortuna estou longe, muito longe, mas não reclamo da prosperidade, a vida me tem sido generosa. Amo tudo que eu tenho, não havendo necessidade de ter tudo que amo. A vida me dá o privilégio de conviver com pessoas que me inspiram a escrever e graças a elas tenho momentos de inspiração que permitem algumas reflexões. Às vezes boas.

Abençoados somos nós, litorâneos, aquerenciados entre Palmares do Sul e São José do Norte, no que hoje chamamos de Península e que forma a chamada Rota Açoriana, uma denominação muito inteligente. Créditos ao Luiz Agnelo e aos demais envolvidos nesta empreitada que futuramente pode nos trazer importantíssimos resultados, culturais e econômicos.

Fazia tempo que o Tio Neves me cobrava um texto explanando sobre o nosso torrão, faltava-me um norte, faltava objetividade nos meus pensamentos. Muito se tem a falar do nosso torrão, muitos podem ser os textos, mas resumir tudo num não é tarefa fácil. Surge então a faísca que faltava pra acender a chama da inspiração e não poderia ter outra origem senão litorânea. Existem amigos que o tempo separa às vezes por ano, mas a cada encontro as afinidades se mostram cada vez maiores. Bastou alguns minutos de conversa com o meu amigo Julio Santos e logo estávamos falando da Península, cada qual mais apaixonado pela nossa região. A juventude não nos impede de fazer análises e vislumbrar os potencias que ainda são muito pouco explorados/divulgados em nossa região. Contei-lhe da minha última ida ao torrão, onde percorri Mostardas, Tavares e São José do Norte, acompanhado da esposa, uma prima e uma amiga. Nossa amiga, nascida em Carazinho, criada em Caxias do Sul e hoje residente na Capital ficou impressionada com tanta beleza e hospitalidade. Já faz planos de retornar a região. E assim, tenho certeza, acontece com todos que pelo torrão passam.

Não é à toa, me disse o Julio, que o Cristóvão Pereira de Abreu, pouco lembrado no Rio Grande, perto de tudo que representou para este estado, saiu do centro do país abrindo caminho, por onde hoje passa boa parte da BR101, e escolheu estes recantos para depois ser agraciado com uma sesmaria. Desde mil setecentos e pouco que nosso torrão tem sido visto com bons olhos por aqueles que aqui passam. Até os pássaros viajam continentes com destino a nossa costa. Precisamos que mais gente conheça esta terra maravilhosa.

Gerações passadas fizeram a sua parte construindo e mantendo estas belezas. Cabe à nossa, agora e no futuro, preservar e, com muito orgulho, mostrar ao Rio Grande e ao Brasil o nosso potencial turístico, histórico e cultural.

8 comentários:

Anônimo disse...

Realmente, esse ambiente litorâneo, é de uma beleza ímpar. Pena que esse istimo (que é o termo adequado e não península) é marcado pela profunda desigualdade econômica, justamente, devido às sesmarias, que contemplou a terra para poucos e ainda hoje se reflete nos extensos latifúndios. Tanto que o sul do Rio Grande é pobre, por causa da concentração de terras nas mãos de poucos. Já no norte, há mais prosperidade porque foi uma região de imigrantes com médias e pequenas propriedades, o que fez o dinheiro circular e a riqueza foi melhor distribuída, do que nesse nosso rincão.

Anônimo disse...

Terra açoriana essa é muito boa! A elite branca se esqueçeu que tudo que ela acumulou de riquezas se deveu ao braço dos afrodescendentes que por aqui foram introduzidos!Tenho muito medo desses esteriótipos! Caminhe nas ruas de Mostardas; visite as comunidades quilombolas, que você verá quem realmente deu e dá o suor para o enriquecimento desta terra. Esse papo de cidade açoriana é para boi dormir!

Anônimo disse...

PIor ainda é a frase: "agraciado pela sesmaria". huauauhahuahuaua

Matheus Brum disse...

Esperar o que de quem não tem capacidade de escrever um texto sequer, e, também, não tem "culhão" pra assinar?
Tá descontente, escreve teu texto, assina, se tiver coragem, com o teu nome mesmo - nada de pseudônimo (ah, não sabe o que é pseudônimo, procura no dicionário) - e manda pro pessoal do blog publicar.
Depois a gente conversa.

Anônimo disse...

É que diria sou DILMA

Anônimo disse...

Não fique tão bravo, sr Brum, por nem todos partilharem de sua direita versão para a nossa querência. Cada um, com sua verdade.

Felipe Janicsek disse...

O litoral do Rio Grande do Sul, foi povoado pelos colonos açorianos, onde já estavam os negros escravos trabalhando nas primeiras estancias, os açorianos também passaram por imensas dificuldades e isso ajudou a aproximá-los dos negros e com o passar do tempo  esta interação gerou uma cultura muito rica, que por muitos anos ficou restrita somente naquela região, mas nas ultimas décadas pesquisadores e forças vivas, começaram a divulgar este fantástico patrimônio cultural, mas agora é chegada a hora de uma irradiação maior de todos estes trabalhos pesquisados e isso virá   através do portal “ Rota Açoriana”.

O Portal divulgará a cultura afro-açoriana com suas danças, músicas, religiosidade, artesanato, literatura, e também o turismo ecológico, esportivo e cultural, rotas turísticas e gastronomia.

A Rota Açoriana veio bonificar para que o litoral deixe de ter os seus municípios como ilhas e que se unam transformem, e torenem-se um grande continente cultural e Turístico.

Vão fazer parte da Rota açoriana os municípios do litoral: entre Rio Grande até Torres, e na serra do mar: de Santo Antônio da Patrulhaoa a Mampituba.

Jaci disse...

Interessante teu texto Felipe.
Precisamos divulgar mais este assunto. Existe em outras regiões rotas que são muito prestigiadas como por exemplo a rota Romântica, que abrange cidades alemãs é um passeio inesquecível.A região açoriana terá as belas paisagens do litoral.
Jacimello