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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Assessores da Discórdia

por Jorge Amaro de Souza Borges



O tema em debate no Estado são os assessores dos deputados que não trabalham nos gabinetes e atuam em “atividades externas”. Bom, alguns aspectos devem ser considerados. O primeiro deles, sobre qual a função dos deputados. Seu papel é legislar e fiscalizar o Executivo. Hoje isto inexiste. Legislam em causa própria e fiscalizam o Executivo quando lhes convém. Muitas vezes, assumem papéis do próprio Estado que deveriam fiscalizar. Um exemplo disto é o caso dos albergues.

Precisamos ser mais radicais e dar a “Judas o que é de Judas”. Vou citar aqui um exemplo clássico. O valor da diária de um servidor da Faders, que viaja por todo o Estado para articular e desenvolver políticas públicas para pessoas com deficiências e pessoas com altas habilidades é de R$ 50,42. São centenas de pessoas qualificadas e sensibilizadas para construir ações efetivas com este valor que mal paga hotel e muitas vezes falta para a alimentação. E o valor da diária de um assessor de deputado esta- dual? Pois este ganha R$ 254,42 para fazer politicagem.

Quando teremos um Estado verdadeiramente democrático em suas atitudes práticas? Acredito que este seria um diálogo que o novo presidente da Assembleia poderia propor. Vivemos uma crise de valores e os poderes constituídos não assumem a responsabilidade do enfrentamento de problemas crônicos do Rio Grande. Onde estão os maragatos e os ximangos? Onde está o “Estado politizado”? É preciso que Executivo, Legislativo e Judiciário atuem de forma unificada. Hoje são poderes que lutam entre si por recursos, sem pensar no bem comum. Será que sabem da importância da Faders? Quando pagam uma mísera diária à Faders, desqualificam a articulação de políticas públicas a milhares de pessoas. É este olhar mais humanizado que as forças vivas do Estado precisam ter. E isto só se constrói democraticamente. Estamos dispostos a isso?

Publicado em Zero Hora (03/02/2010)

Um comentário:

Vladimir disse...

Jorge, isso tudo sem falar da falta de harmonia e isonomia entre os poderes. Os salários do executivo são os mais baixo, e põe mais baixo nisso, entre os Poderes (Judiciário e Legislativo, para não falar no Ministério Público e Tribunal de Contas), as diárias idem, e as condições de trabalho as piores possível. Um total desprestígio e desvalorização de quem tem a nobre função de executar as políticas, obras e serviços públicos. Uma total inversão de valores. Já está na hora de mudar esse quadro, a sociedade não aguenta mais.