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quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Opinião do leitor




Publicamos artigo de opinião enviado por nosso leitor Matheus Brum.


Excessos de Democracia

Fala-se muito em democracia ultimamente. Gestões democráticas, etecetera e tal. Na década de 80, o Corinthians chegou a ter a Democracia Corinthiana. Pronto, lá vem essa viúva da Ditadura com as suas teorias, alguns, já perdendo a paciência, pensaram. Peço calma. Democracia é uma palavra muito antiga e a sua aplicabilidade é difícil de ser mensurada. Escolhemos nossos candidatos pelas suas posições e ideologias. Quando eleitos, normalmente, eles mudam o discurso e cedem ao lobby da elite dominante. Neste caso de nada valeu nosso voto. Pouco adianta termos democracia. Talvez eu não esteja sendo objetivo. Vou me esforçar um pouco mais. Ainda acho a democracia a melhor forma de escolha na maioria das vezes em que precisamos decidir algo. O que me incomoda é o excesso de democracia. Chamo de excesso de democracia atitudes como a do prefeito de Porto Alegre, José Fogaça. Tarso Genro, em seu abreviado mandato havia publicado a lei que autorizava a construção de prédios no antigo Pontal do Estaleiro. Agora Fogaça, reeleito e próximo a abreviar o seu mandato, excede em democracia e submete à população da capital a decisão de que, se no local já autorizado à construção dos prédios, poderão ou não haver imóveis residenciais. Inevitavelmente, haverá imóveis naquele local, isso é fato. Culpa deste ou daquele, não tem mais volta. Penso que não seria eu uma pessoa habilitada a decidir se é positivo ou negativo que hajam imóveis residenciais naquele local. Prefiro a opinião de engenheiros, arquitetos, biólogos, ambientalistas, etc. Opinando, sem nenhum embasamento técnico, eu tomaria decisões altamente tendenciosas. Poderia pensar que jamais terei condições financeiras de adquirir um imóvel naquele local e votar pela não construção de imóveis residenciais, ou que um dia poderia morar naquele local tão bonito e votaria favoravelmente. Submeter esta decisão a população é no mínimo covardia e síndrome do “kunarreta”, o famoso “tiradokudum” e “põenokuduoutro”, que em português significa... Melhor deixar pra lá. Para quê elegemos nossos governantes? Sempre acreditei que era para que tomassem as melhores decisões para melhorar nossas vidas. Quando um governante põe na mão da população uma decisão importante e puramente técnica, ele foge da sua responsabilidade e a repassa a população.

Porto Alegre gastou mais de R$ 300 mil numa votação que contou com 2 % dos eleitores. Apenas 22 mil dos 1.050.000 participaram do pleito.


Já votei em muitas eleições. Clube de futebol, DCE da faculdade, municipais, estaduais e federais, nenhuma me marcou tanto como uma que votei pra diretor da escola estadual que estudei. Com 14 anos, não tive discernimento algum para escolher em quem votar, simplesmente votei, com os anseios que um garoto de 14 anos pode ter. Meu voto assim como dos demais alunos da minha idade – todos nós sem embasamento para fazermos uma boa escolha – decidiram aquela eleição. Não pude nem reclamar muito dos dois anos seguintes em que as coisas não andaram muito bem naquela escola, eu havia escolhido os gestores. Hoje, com certeza, teria votado diferente.


O pior de tudo é que a síndrome do “kunarreta” vai cada vez mais se disseminando. Até acho que vou fazer uma votação pra ver se devo ou não publicar este texto.

6 comentários:

Andradino disse...

Meu caro Matheus, tuas comparações, além de contraditórias não se coadunam com as questões colocadas sobre o processo de gestão democrática. Em primeiro lugar, democracia é uma difícil aprendizagem, por isso, precisamos praticá-la para podermos aprender a viver em liberdade. Liberdade só existe em um clima democratico. Tem que ter consciência de não existe liberdade sem responsabilidade. É aí que as pessoas acabam confundindo. Pensam que por ser um regime democrático pode se fazer tudo, o que não verdade. Pense nisso.

Matheus Brum. disse...

Obrigado pelo conselho Professor. Espero que o senhor tenha entendido o meu ponto de vista. Talvez para o momento que a sua categoria (DEMAGIM)viva este texto vá de encontro as reivindicações da categoria, mas, com certeza, busco um visão mais abrangente sobre Democracia, principalmente nos seus excessos.

Suas colocações foram mais uma vez muito bem argumentadas e respeitosas.

Parabéns!

Um Abraço!

Fábio Lemos disse...

Matheus,
não te conheço, apenas tenho lido alguns comentários teus a respeito de algumas coisas, entre elas sobre um texto que escrevi aqui, sobre o atual governo. Escrevi e assinei, expondo o meu próprio ponto de vista, pelo qual sou absolutamente responsável.Bem, como tu mesmo deve ter percebido, aquilo rendeu uma infinidade de interpretações de toda espécie, e de todos os interesses. Baixo calão e preconceito foi a tônica de comentários sobre um artigo, sobre o teor do qual, não houve sequer um senão. Nada. Todo o conteúdo do que ali estava escrito, passou imune aos ataques que se restringiram a questões pessoais e da forma mais promíscua possível, ANÔNIMA. O que não é o teu caso. Mas é o caso da tua atual preocupação. Vamos a ela. A mesma preocupação do Prefeito Fogaça, quanto ao Pontal, teve o Prefeito Marne quanto a eleição para diretores de escola, qual seja, legitimar pela vontade da maioria uma questão dúbia, digamos assim. O primeiro fez um PLEBISCITO, relativamente questionável a respeito, a cuja decisão firmada, ACOLHEU. O segundo buscou amparo na Câmara Municipal, onde todos sabemos mantém maioria, por força de Projeto de Lei, com o intuito hoje explícito de apenas democratizar seu teimoso objetivo. Legitimá-lo. O que aconteceu? Um dos seus, provavelmente sentindo a maldade e o ônus a ele imposto, do ponto de vista político eleitoral ressalte-se sempre, negou-lhe o estribo. O que aconteceu? O Projeto de Lei foi derrotado em plenário, em sessão ordinária pública. O que aconteceu? O Prefeito não se conformou e, irresignado à derrota do próprio Projeto, desqualificou o Poder Legislativo a que havia recorrido, tu acreditas!!! O que aconteceu? Recorreu ele ao Judiciário, não sem antes como é próprio da inteligência articulada, não sem antes desencadear toda uma reforma casuística que ao fim e ao cabo dar-lhe-ão dois suplentes de vereadores na titularidade votante. Sabe o que isso significa? Obediência senão perde o cargo. Mas sua inteligência foi mais atroz ainda e mais aguda reconheçamos,a para sustentar a sua pretenção, fez colocar aquele que votou em contrário a ele naquela ocasião, para dizer AGORA à classe do magistério que o Prefeito é que tinha razão. Dobrou-lhe o ônus acreditas. Vejo todas as razões para o Prof. Andradino como Presidente do DEMAGIN, questionar em juízo tal abominável procedimento do ponto de vista jurídico e democrático, me entende? Quando um PL é votado em Plenário, é fato consumado e só é possível revertê-lo por nova votação decorrido o prazo regimental, 1 ano. É isto. Deves continuar questionando os excessos democráticos pq tb são eles que ferem de morte o melhor regime político de que se tem conhecimento, o regime democrático. Para preservá-lo temos de observar os próprios limites é óbvio. Sob pena de sermos agredidos pelos excessos e, principalmente, por atitudes ditatoriais não mais admissíveis em nossos dias como esta pantomima patrocinada pelo Prefeito Marne e, infelizmente, corroborada por seus asseclas. É isso.

Matheus Brum. disse...

Fábio Lemos, agradeço repercutires meu texto. Concordo em algun pontos do teu comentário, mas devo lembrar-lhe de alguns fatos: O vereador Moisés, fenômeno eleitoral do municipio, inteligente e bom político que é, não aceitaria um presente de grego assim no mais, se isto o fosse. Não sabemos, ao menos eu não sei, o que foi combinado entre ele e o prefeito, mas com certeza deve ser algo de muito positivo, pois, do contrário, o vereador Moisés não teria motivo algum para assumir a secretaria de educação. Na minha opinião, neste momento, devemos aguardar o que ocorrerá na secretaria e não agorarmos.
Agradeço a crítica "assinada" e estarei sempre disposto a o debate construtivo.

Fábio Lemos disse...

Caro Matheus, como 'repercutistes' minhas considerações de forma elegante e civilizada, penso que devo retornar a ti, através deste meio, para, em grifando isto, concluir minha participação neste episódio. Outros teremos sem dúvida e, neste nível, terás em mim sempre um debatedor tranquilo e pronto para ouvir e transigir, se assim fizeres prevalecer tuas convicções, em relação às minhas próprias. Das tuas colocações, lançastes uma indagação que tb é minha: 'o q fez Moisés Pedone aceitar a Educação, especialmente dpois do episódio q todos conhecemos. Tens razão, há algo no ar... se é positivo, saberemos mais tarde. Que o Vereador Moisés é inteligente, não há a menor dúvida, agora o resto é por tua conta e risco. O bom político que tu conceituas, para mim depende, poderá vir a sê-lo desde que, faça no governo o que tão veementemente combateu qdo na oposição, especialmente na questão da valorização dos servidores em geral e, agora, dos professores, como seu Secretário Geral. No mais fica uma única reticência ao teu comentário, a palavra, "agorarmos". Ninguém aqui está agorando NADA. O que queremos é resultados, crescimento, realidade proporcional a discurso, coisas assim. Basta realizá-las. Sempre que isto ocorrer terá o meu reconhecimento. Do contrário a CRÍTICA, proporcional ao tamanho da expectativa frustrada. É isso, abraços. Fábio Lemos.

Matheus Brum. disse...

Sumiu o meu comentário. Era o quarto. Problemas com o blogspot?