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terça-feira, 23 de junho de 2009

Formação Social de Mostardas - parte 1


Apesar da história do Rio Grande do Sul não ser mencionado a importância do índio na formação do povo, salvo as missões, registramos em Mostardas uma situação atípica. O índio foi desde o início da colonização desta região um "companheiro" dos tropeiros, pois que nas entradas para apresamento e contrabando de gado, Cristóvão Pereira de Abreu compreendeu que somente com o auxílio deles obteria sucesso. Em suas forças contou com alguns indígenas como dirigentes, auxiliares e com três caciques minuanos como capitães, garantindo assim, a travessia sem um só conflito por mais de cinquenta anos. Quando a população de Colônia de Sacramento foi expulsa, em 1705, encontramos alguns minuanos vivendo pacificamente no povoado.
Podemos deduzir que este relacionamento amigável, sem necessidade de genocídio, perdurou por séculos, pelo menos enquanto a necessidade de conhecimentos sobre a região e sobre o gado xucro.
Neste contexto pode-se vislumbrar a sociedade da época. Esta era formada pela força militar, necessária para resguardar as fronteiras, mas sempre acompanhadas de suas famílias, como demonstra a preocupação de "organizar a vida familiar exposta a reais perigos ante o elevado número de militares que estão afastados de suas famílias, muitas delas em Portugal". Optou-se por trazer mulheres para o casamento regular.
Com a chegada dos casais açorianos e a criação da Freguesia São Luis de Mostardas em 18 de janeiro de 1763, estabelecia-se uma nova relação da sociedade. Agora mais voltada para a construção de uma sociedade coesa junto a Igreja. Em carta José Marcelino, governador do Rio Grande, em 1779, manda construir o povoado em torno da Igreja, o que foi feito, como podemos observar ainda hoje na cidade de Mostardas, no centro histórico, formado pelas ruas paralelas à Igreja: Independência e 15 de novembro.
Historiadora Marisa Oliveira Guedes
Foto: Vitorino Mesquita

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