* Por
Jorge Amaro de Souza Borges
É impressionante, mas como a Copa 2014 está sendo importante para o Brasil! Além do evento em si,
dos problemas e especialmente, dos benefícios que vai gerar, ela já tem uma
grande virtude: a de desacomodar a população brasileira, mostrando claramente nossas
fraquezas, demandas e virtudes.
A Copa nos fez
questionar o papel da educação e da saúde, nos fez discutir o preço da passagem
e o tema da mobilidade urbana!
A Copa movimentou
obras em todo país, e nos fez discutir o valor das mesmas e quais realmente eram prioritárias! E nos mostrou
a escassez de mão-de-obra, o monopólio das empreiteiras e tantas demandas
estruturais que possuímos, resultado de décadas sem investimentos no país.
A Copa nos colocou na rua! Sim, pois é na rua que as transformações da
sociedade ocorrem de fato, como destaca Sebastião Paixão quando diz que a rua é o ambiente natural da vida democrática e, assim
o é, porque o abrir das flores da liberdade precisa do terreno fértil de um
espaço público saudável.
E agora? O que devemos fazer? Quais os caminhos a
seguir?
Há grandes mudanças estruturais a fazer no país.
Essencialmente, a reforma política é uma delas, senão a principal. O sistema
atual se mostra cada vez mais fracassado. E a reforma do judiciário é
fundamental para combater suas regalias descomunais.
Para mudar, só com o povo na rua mesmo!!!
O primeiro passo foi dado através de uma catarse
coletiva de indignação. Agora vem o momento mais complexo! O que queremos de
fato? Um Brasil melhor? O que seria isso? Um país com educação de qualidade,
saúde digna, acessibilidade universal, respeito ao meio ambiente, igualdade de
gênero, sem homofobia e racismo, enfim, cada um de nós tem em mente o seu
conceito de país melhor. Mas qual o Brasil possível?
Este foi o grande desafio que a Copa nos colocou! E não podemos fugir deste debate, que tem
lado, partido e ideologia sim, pois nenhuma decisão é neutra!
Todas as mudanças precisam de transição,
compromisso, responsabilidade e pactuações. Que toda esta energia utilizada nas
manifestações esteja presente nos espaços da democracia, muitas vezes pouco
utilizados. Lembro que este ano são nada mais nada menos do que 12 conferências
nacionais que ocorrem no país. Estão ocorrendo etapas municipais e estaduais em
todas unidades federativas! Qual nosso protagonismo nestes espaços? Como está
sendo isso em seu município?
Que as ruas ecoem pela nossa
consciência de cidadania e transformações sociais e que possamos construir no
presente, um futuro que não seja mais do mesmo!
"A democracia não é apenas a lei da maioria, é a lei da
maioria respeitando o direito das minorias." (Clement Attlee)