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domingo, 30 de agosto de 2009

Do livro de Saint-Hilaire (III)


BOJURU, 3 e 4 de agosto de 1820 - José Marcelino, Governador desta Caprtania, tinha mandado vir índios do aldeamento dos povos das Missões, para localizá-los perto de Porto Alegre, na Aldeia dos Anjos, onde tencionava criar um colégio para jovens de ambos os sexos. A fim de mantê-lo, criou ele a Estância dos Povos. Como disse, essa estância foi doada pelo rei a Paulo Fernandes, chefe de polícia. Contam-se 12.000 reses e, no entanto, o título da doação reza que ela é apenas o começo das recompensas que o Soberano destina ao chefe de polícia. De S. Simão até aqui continuamos a percorrer uma região muito plana e arenosa, coberta de pastagens muito magras. A cinco léguas de S. Simão encontra-se a Aldeia de Mostardas, sede de uma paróquia, existente sobre o istmo, em uma extensão de 25 léguas, compreendendo 1.500 habitantes de mais de dois anos. A aldeia está edificada no meio de areias e se compõe de cerca de quarenta casas que formam uma larga rua, muito curta, em cuja extremidade está a igreja, situada a igual distância das duas filas de casas. Há entre estas algumas cobertas de telhas, mas na maioria não passam de choupanas pobres. Em frente a Mostardas, do lado oeste, um lago do mesmo nome da aldeia. É muito piscoso, mas como aí só vivem peixes de água doce, com muitas espinhas, tal como a traíra, são desprezados pelos habitantes da região, acostumados a comer carne. O proprietário de Palmares acompanhou e só nos deixou anteontem, pela manhã. O comandante do distrito, em cuja casa pernoitamos ontem, acompanhou-nos também até a estância de S. Simão. O cura de Mostardas só tinha vindo ao nosso encontro a um quarto de léguas da povoação, tendo nos preparado um excelente jantar. Mostrou-nos a igreja, cujo altar-mor, recentemente construído, é muito bonito. A nave, muito mais antiga, está em ruínas, mas pensam em reconstruí-la.
Retirado de:
SAINT-HILAIRE, Auguste de. Viagem ao Rio Grande do Sul. 4ª ed. Porto Alegre: Martins Livreiro Editor, 2002.
Ilustração: O original mapa dos itinerários de Saint-Hilaire. Acervo do Instituto Histórico e Geográfico do RS.

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