Por
Fábio Lemos.
O governo municipal ficou tetraplégico, assim como a mocinha protagonista da novela das oito. A coluna do Frantz, na última edição do Jornal situacionista Freguesia das Águas teve efeito devastador. É reveladora. A despretensiosa e singela coluna do Frantz atingiu de cheio a medula do governo municipal.
Diz ele que: ...havia feito um ACORDO com o Prefeito Marne para ficar na Secretária de Obras até dezembro de 2009 quando então seria deslocado para outra Secretaria possivelmente a de Administração..., Pronto é o que basta. Somente esta declaração é suficiente para depreendermos o que bem quisermos.
Que ACORDO foi esse? Em que circunstancias se deu? Qual a contrapartida? Porque foi feito desta forma, primeiro Obras depois outra Secretaria qualquer. Enfim. O certo é que não deu certo! O tal ACORDO ruiu, desabou. Assim como não vem dando certo o tal governo, tanto que nos autoriza a deduzir que, elegeu-se e governa obedecendo a ações e acordos desta natureza.
Porque não deu certo o tal acordo? Porque um simples erro de formalidade foi/é capaz de romper com tamanho comprometimento? Quem garante que não existem outros acordos do mesmo tipo? Enfim. Denegrindo o adversário e usando de expedientes escusos, fica fácil, aliás, esta é a mais velha tática de conquistar votos. A reparação é lenta. Mas a cobrança sempre vem. Felizmente. Invariavelmente a verdade aparece. Com ela vem, contudo e a reboque, o prejuízo produzido causado e a penalização da vítima de sempre: a sociedade.
Voltemos ao Frantz. Segue ele, ao longo da malfadada coluna falando ‘coisas’ e dizendo invariavelmente, ‘nada’. Fala no tal erro de formalidade, como se fora algo desprezível, corriqueiro, só não nos diz que erro foi este. Diz que o fez premido por pressões, de forma que pudesse atender necessidades básicas da pasta, tipo, transporte escolar e outras ações ordinárias, mas isso é obrigação não é favor. Diz que houve/houveram circunstancias climáticas e que a OVEARTE (de supetão) forçou-o a incorrer em erro.
Ora, ora. O que sabemos é que o alegado pecado venial, atingiu a medula óssea do governo a ponto de exonerar o Secretario e deflagrar uma crise de enormes proporções. Mas não parou por aí, o que podia ser ruim, ficou ainda pior. O ex-secretário mudou o tom da conversa e passou flagrantemente a usar do famigerado expediente da intimidação e da ameaça. Tipo: ai de quem contestá-lo. Vai processar quem se atrever a lançar máculas sobre sua probidade incorruptível e imaculada pessoa. Ora, ora. Ninguém pode afirmar nada, ainda, mas as dúvidas estão todas no ar, e o titular das dúvidas não soube usar do espaço no jornal para desmanchá-las, ao contrário. Existe a tal de Sindicância (lava as mãos) processo administrativo instaurado pelo Prefeito. Vamos aguardar. Contudo, governo centralizador, que impõe diretores de escolas, por exemplo, tem de ser responsável solidário para com atos de seu comando praticados por seus súditos. Governo centralizador tem o bônus de mandar, mas também tem o ônus da responsabilidade decorrente da antipática e inconveniente atitude. Quem fez acordo com quem mesmo? Ora.
É notório que o acordo com o Frantz, não foi o único. Foi um dos vários que se tem conhecimento, entabulados antes e depois da eleição. O resultado aí está, plasmado. O prejuízo ‘tá’ feito e é imensurável. O conjunto dos acordos em troca de cargos, provocaram contratações desnecessárias de cunho eminentemente políticas, que juntas e somadas provocaram o descontrole dos gastos com pessoal, que elevaram o iDP a estratosfera, e que agora se torna público por força da matéria do Frantz. É por isso que o episódio é extremamente relevante.
Se nos atrevêssemos a quantificar superficialmente os prejuízos que amargamos, por conta da política da prática de acordos sustentada pelo governo municipal, alcançaríamos algo em torno de 10% de comprometimento desnecessário com pessoal, o que significa entre 150 e 200 mil AO MÊS.
É enlouquecedor, especialmente quando sabemos que para isso não concorreu aumento de ganhos dos servidores públicos, ou seja, não foi para melhorar serviços ou a dignidade salarial do servidor, não. Ao inverso, estes é que contribuíram com os 8,75% mês orçamentários que lhe foram sonegados e que estavam embutidos na Lei Orçamentária 2009.
Mas voltemos ainda ao Frantz. Não satisfeito com tudo que havia patrocinado a respeito dos meandros de um governo muito complicado, ainda disse com todas as letras que sua prioridade era ou é a conclusão de seu curso de Direito. Ora quem tem esta prioridade não pode e não deve ser secretário municipal de nada. Mesmo porque não terá tempo para atender aqui ou lá. Pois bem, ainda assim, foi investido do cargo. E é assim que mundo anda e á assim que estão todas aí explícitas as razões dos nossos reveses. Só uma reforma política pode nos salvar. Do jeito que as coisas vão, decepções irão se acumular e episódios desta natureza eclodir a cada novo interesse frustrado. Conduzir esta tranqueira é tarefa para mágico, não para administrador público. Ocorre que a gestão escorre pelo ralo destas peripécias e ficamos sem leme. Literalmente à deriva.
Estamos igual a mocinha da novela das oito, tetraplégicos!
Infelizmente nos faltam a beleza e a força de vontade que ela demonstra e ilumina. Só assim seríamos capazes de recuperar a vida, a dignidade e a condição essencial de recolocar o trem nos trilhos. E a espinha ereta.
